Palácio de Versalhes: o playground mais luxuoso da realeza no mundo. Um castelo grande o bastante para abrigar 6.000 cortesãos. Um palácio adequado a um rei. E não se trata de qualquer rei, mas Luís 14, o "Rei Sol", que reinou por 72 anos e cuja glorificação de si próprio não tinha fronteiras.
Começando em 1661, ele transformou um pequeno acampamento de caça em um palácio reluzente. Drenou pântanos e desmatou florestas inteiras para criar 1 km2 de jardins externos, alamedas delimitadas por árvores, canteiros, lagos e fontes. Tudo isso ocupava apenas uma pequena parte da propriedade: a obra toda tinha 8 km2.
O Rei Luís XIV da França construiu o Palácio de Versalhes para ter um local onde se isolar das pressões de Paris. Dreamstime
Em Versalhes, Luís 14 mimava seus cortesãos fornecendo
luxuosos prazeres e concedendo favores reais
­Versalhes serviu como capital política da França e ponto de concentração da corte de 1682 até 1789. Foi o motivo que levou Luís 14 a se retirar das intrigas políticas de Paris (levando junto seus nobres) e a criar um lugar onde a corte pudesse viver sob seus olhos atentos. O tamanho e a opulência do palácio demostravam sua eminente riqueza e anunciavam seu poder como um monarca absoluto. A construção de Versalhes exigiu aproximadamente 30 mil trabalhadores e custou tão caro que quase acabou com os cofres da França. O prédio principal tem saguões e quartos magníficos, que o designer de interiores Charles LeBrun, decorou com todos os adornos pomposos que se possa imaginar.
Os "Grands Appartements" do palácio são salões luxuosos cheios de murais, quadros, esculturas, cortinas de veludo, tapetes savonnerie, bronze dourado e mármore tingido. Esses salões são dedicados a divindades gregas como Hércules e Mercúrio. Luís 14 escolheu o Salão de Apolo, o deus do sol, como a sala do trono do Rei Sol.
tratado de versalhes iStock
Muitas guerras foram
interrompidas graças a
conversações e tratados de paz
negociados em Versalh­es.
O Tratado de Versalhes que
pôs fim à 1ª Guerra Mundial
foi assinado ­na Galeria dos
­ Espelhos em 1919
A Galeria dos Espelhos é um salão de baile espetacular, com 72 m de comprimento e 17 espelhos enormes em um de seus lados (ornamentos que custaram muito caro na época). Os cortesãos podiam se admirar nos espelhos enquanto dançavam. Os espelhos também eram projetados para refletir a pintura do teto, que ilustrava e homenageava os primeiros anos do reinado de Luís 14. Do outro lado da sala, uma fileira de janelas se abria para os enormes jardins e o pôr do sol.
Na Capela Real branca e dourada, de estilo barroco, Luís 16 se casou com Maria Antonieta em 1770, quando os dois ainda eram adolescentes. Entre muitas construções adicionais ao palácio, estão a biblioteca enfeitada com almofadas, a Sala do Relógio (onde Mozart se apresentou com sete anos de idade) e a Ópera: um enorme teatro ovulado, iluminado por 10 mil velas.
A criação dos jardins de Versalhes exigiu uma enorme quantidade de trabalhadores e a genialidade do designer de paisagens Andre Le Nôtre, que elaborou tudo no mais formal estilo francês.
O eixo central dos jardins de Versalhes é o Grand Canal, de 1,7 km de comprimento, que foi elaborado para refletir o sol poente. Ao seu redor ficam plantações, canteiros, alamedas e lagos, isso sem falar das fontes (aproximadamente 1.400, incluindo uma espetacular, onde uma carruagem puxada por um cavalo carrega um Apolo triunfante), outra referência à glória do Rei Sol.
Para diminuir a formalidade, construções diferentes chamadas "follies" ficam espalhadas aqui e ali, assim como uma alameda onde os cortesãos dançavam durante o verão entre jardins de pedra, conchas e luzes decorativas. Estátuas de mármore e bronze eram colocadas pelo caminho e no meio da folhagem. Certa vez, 3.000 árvores do Laranjal conseguiram sobreviver ao inverno rigoroso.
Dois palácios menores ficam nos jardins externos. Luís 14 construiu o Grand Trianon de mármore rosado a fim de escapar da rígida etiqueta da vida da corte (no palácio principal, por exemplo, o rei normalmente jantava sozinho sendo assistido por vários observadores. Em outras ocasiões, vagões-restaurante eram levados até ele dentro de um protocolo rígido. O simples ato de cozinhar para os constantes banquetes do palácio exigia uma equipe de 2.000 pessoas na cozinha).
O Petit Trianon era um ninho de amor construído por Luís 15, que se encontrava lá com a Madame du Barry. Mais tarde, esse mini palácio neoclássico serviu para Maria Antonieta, que também queria se livrar da rígida formalidade que havia no palácio central.
Ali perto ficava o refúgio mais charmoso de todos: o Vilarejo da Rainha, que era um tipo de vila e fazenda construídos para Maria Antonieta se divertir. Entre as casas cobertas com palha, um moinho d'água e um lago, ela e sua corte simulavam uma vida camponesa imaginária.
Talvez seja irônico que a mesma luxúria e a futilidade que faziam a rainha gastar tanto, levaram-na à decadência em 1789, quando as multidões da Revolução Francesa marcharam para Versalhes e a levaram junto com Luís 16 para Paris. No fim das contas, eles foram levados para a guilhotina em 1793.